domingo, 17 de setembro de 2017

Superman: Terra Um


É uma das melhores histórias do Azulão que já li em muitos anos.

O roteiro é feito pelo renomado J. Michael Straczynski e mesmo que esteja abordando pontos exaustivamente conhecidos como Jonathan e Martha encontrarem a espaçonave, a herança kriptoniana e como funcionam seus poderes.

Coisas que até poderiam ter sido deixadas de lado, mas que juntando tudo funcionam numa dinâmica adequada.

Somente o aspecto de trazer novo fôlego a mitologia de Kal-El demonstrando o impacto de sua presença no mundo é o que a torna relevante.

Até a questão do sexo teve uma proposta boa, pena que o ato em si não chegou a acontecer (Clark é virgem, coitadinho!).

Bom, se por um lado o roteiro é praticamente impecável a única exceção é o desenhista Shane Davis, pois sua arte pra mim não convence. A história em si é tão contundente que seu trabalho não consegue acompanhar.

Mesmo sendo bem detalhada infelizmente ficou parecendo uma mistura de pintura com anime e o pior suas expressões faciais parecem forçadas (não consigo sentir naturalidade quando as vejo).

Foi somente nisso que a editora pecou, pois poderiam ter dado para alguém que conseguisse transmitir sentimentos que assimilássemos melhor.

Voltando, não é atoa que esta história teve alguns momentos abordados no filme Superman: O Homem de Aço (2013) tornando-a uma boa pedida para ser lida.

A invasão feita pelo alienígena Tyrell mudou o contexto que estava estabelecido há décadas que  existia somente Krypton naquele quadrante espacial. O fato da explosão do planeta ter sido uma tramóia orquestrada pela raça alienígena inimiga.

Deixou pra mim uma pergunta importante quem foi o benfeitor que deu a tecnologia para tal propósito e com qual finalidade? Porque o principal inimigo não foi mostrado? E pelo que eu pude entender o Azulão ainda corre um grande perigo.

Será que teriam o interesse de fazer uma outra continuação desta HQ? Pra ser sincero eu duvido muito (então pensando por este prisma foi o único furo do gibi).

O que chamou realmente minha atenção é terem mostrado a vida pessoal de Kal sendo abordada (tipo o que ele sente, pensa e como decide viver).

É triste notar que um ser imensamente poderoso se sente ao mesmo tempo tão sozinho no mundo. Algo como ele disse no desenho da Liga segurar o fardo de viver num mundo como se fosse feito de papelão (é um algo estranho e muito surpreendente).

Outro ponto positivo foi incluir as diversas versões anteriores do herói neste gibi. Podemos notar referências do período de John Byrne, pois Martha costura o uniforme dele, também temos um pouco de Smallville e até do Superman clássico da década de 40 na cena em que salva sua amiga Lisa Lasalle de apanhar no apartamento do ex-namorado.

Superman:Terra Um é um prato cheio pra quem gosta do herói, mas também tem uma história impressionante recontando a origem do mito. A parte boa que tudo é feito de uma forma bastante inusitada explorando certas coisas que nunca haviam sido pensadas antes.

É a melhor abordagem do kriptoniano feita pelo aspecto humano levantando questões que valem a pena serem mostradas, porém de uma maneira muito simples e bastante inteligente.

Espero que tenham gostado.