É uma
excelente edição lançada pela Editora
Desiderata, em 2007.
A Boa Sorte de Solano Dominguez tem roteiro de Wander Antunes e arte
de MozartCouto, um consagrado desenhista brasileiro.
A trama
acontece na cidade de Havana, Cuba e historicamente
no período em que Fulgêncio Batista comandava a ilha (1953).
Logo no
início, Solano está “inconsolável” devido a perda de sua esposa. Não é pelo
sentimentalismo, mas por causa da grana que está devendo.
Já que
através dela que era prostituta tirava sua subexistencia e gastava demais em
bebida e principalmente nos jogos.
A situação
estava piorando, pois Sandoval, um dos homens pra quem estava devendo veio lhe
cobrar seu dinheiro (ele levou uma surra pra aprender que deveria saldar a tal
dívida).
Desesperado
e no fundo do poço eis que surge um milagre.
Lolita
Dominguez, sua filha que estava estudando num colégio de freiras voltou pra
casa. A garota foi a solução instantânea pros seus piores problemas (sua beleza
era tão impressionante que superava a da própria mãe).
Solano
queria usá-la pra seus interesses escusos e se valeu do amigo Valentin pra
tornar-se a garota mais fogosa. O rapaz era um tipo de Don Juan que conquistava
várias mulheres e muito famoso por causa disso.
Então,
Solano planejou leiloar a virgindade da garota e todos os dias caminhava com
sua filha fazendo com que todos os homens ficassem babando por ela.
Tal fato
desencadeou um interesse geral pra saber quem seria o felizardo desse
acontecimento. Obviamente temos outras situações durante essa aventura só que
não vou comentar pra não estragar a surpresa de quem for ler.
É chover no
molhado comentar que é uma história envolvente. Seja pelo roteiro adulto de
Wander Antunes, pois seus personagens são de uma realidade palpável que parece
estarmos vivenciando as situações ao lado deles.
Seja pela
arte de Mozart Couto, porque apesar da edição ter um ótimo acabamento está em
preto e branco. Pra mim retira um pouco do peso que teria se fosse colorida (o
artista já fez incontáveis trabalhos ao longo dos anos).
Outro detalhe
interessante é que Solano me lembrou o Vadinho de Dona Flor e Seus Dois
Maridos, um livro do escritor Jorge Amado, publicado em 1966.
A obra é um
dos maiores clássicos da literatura brasileira e já foi adaptado algumas vezes
tanto pro cinema, quanto pra telinha (e teatro também).
No filme,
estamos em Salvador na década de 40.
Dona Flor (Sônia Braga) é uma professora de culinária casada com Vadinho (José
Wilker) que gostava bebida e jogatina que acaba morrendo após tanto farrear.
Um tempo
depois a viúva casou-se com o Dr. Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um pacato
farmacêutico. Só que mesmo após sua ida pro além, Vadinho em espírito continua
visitando sua esposa (e Dona Flor fica dividida entre ambos os homens).
Essa
adaptação teve um publico recorde com mais de 10 milhões de pessoas na época.
Levando 34 anos pra perder essa marca, pois Tropa de Elite 2 conseguiu
supera-lo.
Anos depois
tivemos a minissérie estrelada por Giulia Gam, Edson Celulari e Marco
Nanini, em 1998.
Dirigida por
Mauro Mendonça Filho é uma produção caprichada que demonstra de forma marcante
o modo de viver e o estilo da população baiana.
No ano
passado tivemos a última adaptação na telona dirigida por Pedro Vasconcelos e
protagonizada por Juliana Paes, Marcelo Faria e Leandro Hassum.
E só pra
fechar, a ediçao ainda demonstra uma enorme influência de Carlos Zéfiro, um
famoso desenhista erótico que fez alegria das pessoas na época da ditadura em
nosso país.
Particularmente
afirmo que a qualidade demonstrada nessa história merecia uma continuação
apenas pra sabermos o que Lolita Dominguez iria aprontar.
Fico por
aqui.