domingo, 17 de junho de 2018

A Boa Sorte de Solano Dominguez



É uma excelente edição lançada pela Editora Desiderata, em 2007.

A Boa Sorte de Solano Dominguez tem roteiro de Wander Antunes e arte de MozartCouto, um consagrado desenhista brasileiro.

A trama acontece na cidade de Havana, Cuba e historicamente no período em que Fulgêncio Batista comandava a ilha (1953).

Logo no início, Solano está “inconsolável” devido a perda de sua esposa. Não é pelo sentimentalismo, mas por causa da grana que está devendo.

Já que através dela que era prostituta tirava sua subexistencia e gastava demais em bebida e principalmente nos jogos.

A situação estava piorando, pois Sandoval, um dos homens pra quem estava devendo veio lhe cobrar seu dinheiro (ele levou uma surra pra aprender que deveria saldar a tal dívida).

Desesperado e no fundo do poço eis que surge um milagre.

Lolita Dominguez, sua filha que estava estudando num colégio de freiras voltou pra casa. A garota foi a solução instantânea pros seus piores problemas (sua beleza era tão impressionante que superava a da própria mãe).

Solano queria usá-la pra seus interesses escusos e se valeu do amigo Valentin pra tornar-se a garota mais fogosa. O rapaz era um tipo de Don Juan que conquistava várias mulheres e muito famoso por causa disso.

Então, Solano planejou leiloar a virgindade da garota e todos os dias caminhava com sua filha fazendo com que todos os homens ficassem babando por ela.

Tal fato desencadeou um interesse geral pra saber quem seria o felizardo desse acontecimento. Obviamente temos outras situações durante essa aventura só que não vou comentar pra não estragar a surpresa de quem for ler.

É chover no molhado comentar que é uma história envolvente. Seja pelo roteiro adulto de Wander Antunes, pois seus personagens são de uma realidade palpável que parece estarmos vivenciando as situações ao lado deles.

Seja pela arte de Mozart Couto, porque apesar da edição ter um ótimo acabamento está em preto e branco. Pra mim retira um pouco do peso que teria se fosse colorida (o artista já fez incontáveis trabalhos ao longo dos anos).

Outro detalhe interessante é que Solano me lembrou o Vadinho de Dona Flor e Seus Dois Maridos, um livro do escritor Jorge Amado, publicado em 1966.

A obra é um dos maiores clássicos da literatura brasileira e já foi adaptado algumas vezes tanto pro cinema, quanto pra telinha (e teatro também).

 Sua primeira e mais famosa versão foi protagonizada por Sônia Braga, José Wilker, Mauro Mendonça e dirigida por Bruno Barreto em 1976.

No filme, estamos em Salvador na década de 40. Dona Flor (Sônia Braga) é uma professora de culinária casada com Vadinho (José Wilker) que gostava bebida e jogatina que acaba morrendo após tanto farrear.

Um tempo depois a viúva casou-se com o Dr. Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um pacato farmacêutico. Só que mesmo após sua ida pro além, Vadinho em espírito continua visitando sua esposa (e Dona Flor fica dividida entre ambos os homens).

Essa adaptação teve um publico recorde com mais de 10 milhões de pessoas na época. Levando 34 anos pra perder essa marca, pois Tropa de Elite 2 conseguiu supera-lo.

Anos depois tivemos a minissérie estrelada por Giulia Gam, Edson Celulari e Marco Nanini, em 1998.

Dirigida por Mauro Mendonça Filho é uma produção caprichada que demonstra de forma marcante o modo de viver e o estilo da população baiana.

No ano passado tivemos a última adaptação na telona dirigida por Pedro Vasconcelos e protagonizada por Juliana Paes, Marcelo Faria e Leandro Hassum.

E só pra fechar, a ediçao ainda demonstra uma enorme influência de Carlos Zéfiro, um famoso desenhista erótico que fez alegria das pessoas na época da ditadura em nosso país.

Particularmente afirmo que a qualidade demonstrada nessa história merecia uma continuação apenas pra sabermos o que Lolita Dominguez iria aprontar.

Fico por aqui.


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