segunda-feira, 7 de março de 2016

Estranhos no Paraíso



Foi lançada inicialmente numa minissérie em 3 edições pelo artista e também roteirista Terry Moore, em 1993.

Bom, tenha absoluta certeza que aqui você não irá encontrar nenhum herói com cueca por cima da calça usando capa esvoaçante. E também não verá nenhuma gata musculosa usando um uniforme minusculo com salto alto.

Fiz isso de propósito, pois pra quem ainda lembra os infames anos 90 as edições dos heróis eram recheadas de personagens clichês com aventuras fraquíssimas e sofríveis.

Dispensando essas considerações nesta história ficamos sabendo da vida das amigas Francine Peters e Katina Chuvanski que se conhecem desde o colegial e moram juntas.

Quero afirmar que o roteiro de Moore é bem conduzido e confesso que li as três edições numa tacada só, pois os personagens são divertidos e parecem reais.

Na verdade os dramas, neuras, inseguranças e problemas fazem Estranhos no Paraíso uma das melhores histórias já produzidas.

Sem sombra de dúvidas mereceu ter ganho o Eisner Award, um tipo de Oscar dos quadrinhos.
Francie é meio doidinha, mas bastante meiga e está ficando fora do peso. 

Mais em contraponto, Katchu é durona, mau humorada e bebe pra caramba. É uma pintora e poetisa que guarda suas criações pra si mesma.

Só pra constar os poemas escritos por Katchu são na verdade foram feitos pelo Terry Moore (eles são ótimos).

Voltando, pra completar o triângulo ainda temos David, um rapaz tranquilo e inteligente que gosta de Katchu, no entanto ela adora Francine é um amor muito complicado. Fato que me fez lembrar daquele filme “Três Formas de Amar”.

A trama inicia com Francine se apresentando numa peça do colégio e tendo problemas com sua roupa que caiu quando estava no palco (deixando-a nua na frente de todos na platéia).

O tempo passa e vemos ambas iniciando a fase da vida adulta. Francie tem um relacionamento conturbado com Freddie no qual não há sexo. Ela já havia sofrido bastante com outros relacionamentos antes.

Só que no dia de aniversário da relação, Francine estava disposta a se entregar. Chegou no trabalho dele pra fazer uma surpresa, mas encontra seu namorado se esfregando com outra.

Francie fica arrasada, porém mesmo assim ainda tentou reatar o relacionamento. Só que Freddie é um idiota e escroto que não vale nada terminando com ela.  Num ataque de fúria Francine tira sua roupa num parque e dirige pra casa sofrendo uma colisão que a deixa ferida.

Katchu fica sedenta de raiva ao persegui-lo e temos uma conclusão muito engraçada nesta parte.
Outro personagem intrigante é o David comento isso, porque Katchu esculacha o rapaz de diversas maneiras.

E por mais incrível que possa parecer ele está sempre do lado dela (é uma prova de amor inquestionável).

Obviamente destaco a arte de Terry Moore que de uma maneira bem simples consegue ressaltar as cenas numa ótima ambientação de cenários. E pra mim o mais importantes fica nas expressões faciais dos personagens condizentes com ação mostrada a cada momento.

Já comentei várias vezes que não sou fã de edições em preto e branco, pois retira muito do impacto que a história poderia nos dar. E isso foi a única coisa que realmente não gostei na história.

Porém o conteúdo adulto e abrangente mostrado por Moore é a melhor parte de toda narrativa. 

Confesso que virei fã de carteirinha assinada e recomendo pra qualquer leitor que queira sair da mesmice e do lugar comum que vemos nos gibis que abusam dos velhos clichês.

Só pra constar Strangers in Paradise chegou até a edição 90 lá nos Estados Unidos durando praticamente 14 anos, mas a forma como trata de um assunto que até hoje é complicado (homossexualismo). 

É imprescindível para que haja uma mudança na forma como as pessoas pensam e agem sobre isso.

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