Por JC Anjos
Edipianamente entendido ou não. A verdade é que sempre vi em
meu pai, quando na infância, a imagem do Deus vivo. Um Deus, que apesar de
estar ali, fisicamente próximo de mim, me parecia algo intocável. Ou no mínimo
um aproximar bastante temido pela minha frágil insegurança infantil. Parece
exagerado comparado a forma como muitos de meus contemporâneos, principalmente
os jovens de agora, terem tido uma criação mais aberta e mais “acessível” que a
minha. Mas não vou omitir aqui o que me diz respeito. E por conta disso, vejo o
quanto meu pai era uma entidade olímpica que vinha de vez enquando de seu reino
divino somente para me repreender ou até mesmo “me castigar” com seus punhos
fechados ou “chicotes” ardentes como fogo.
Não estou reclamando aqui um trauma mal resolvido. Porque também sentia
pelo meu todo poderoso pai uma forte segurança de que nada neste mundo iria me
tocar. E se as coisas foram desse jeito, é que a vida causa contingências em
que precisamos superar.
Tudo isso para dizer
que meu pai. Esta imagem que ele tanto impôs para mim é mesma imagem que tanto
alimentamos em nossas vidas através de arquétipos sejam eles religiosos ou não.
Esses arquétipos nascem dos mitos. Criaturas do nosso imaginário que foram
criadas e representadas por cada civilização dentro de seu logos. O mundo ocidental transformou boa parte de
seus mitos em entidades patriarcais (vide os alguns mitos gregos). Foi preciso a tragédia resgatar o espírito de
gaia e assim tirar esses mitos de
seu pedestal.
Assim vejo o que meu pai é na verdade em contrapartida daquilo que Ele representava para mim: agora um homem frágil e cheio de vícios. Vícios que todos nós carregamos por ser humanos, demasiadamente humanos.
Em escala menor os quadrinhos tiveram a mesma transição que começou na era de ouro, teve seu cume na era de bronze e hoje vemos o quanto os mitos contemporâneos estão tão próximos em divulgação e humanidade na post-bronze*.
O Super-homem (hoje, com a imposição da cultura Norte Americana. Esta que estamos consumindo agora, por exemplo, devemos usar o verbete original Superman de agora em diante) já não é tão invencível e se ele é super é porque sua grandeza o adjetiva apesar de suas fraquezas tão humanas, demasiadamente humanas.
Capitão América já não é mais o ideal presunçoso Norte Americano, mas apenas um símbolo daquilo que jamais seremos - talvez nem ele próprio, apesar de seu forte espírito de liderança e ideais que sobrepõem o próprio nacionalismo - Steve Rogers é um idealista, mas também foi um dia o Cristo crucificado quando foi envolto em uma bandeira cujas cores se desbotaram desde seu estado de animação suspensa (nossa! Ainda usam este termo, nos quadrinhos?).
Thor. Um mito clássico no sentido literário. Um mito nórdico no seu verdadeiro sentido folclórico, magistralmente resgatado para os dias de hoje por Stan Lee, Larry Lieber, e Jack Kirby. Thor é um Deus que está há muito longe de sua época e sua civilização. Apesar de sua condição existencial se parecer bastante coma do Superman no que diz respeito de ambos pertencerem a outros mundos, outras culturas e com isso serem vistos pelos terráqueos como forasteiros (não diria tanto alienígenas), O Deus do trovão parece estar bem mais a vontade na sua condição de Deus que o próprio Superman.
Tony Stark – O Homem-de-ferro. Tão poderoso em sua armadura invencível! Fora dela, um homem inteligente e como ele propriamente diz: “um Homem a frente de seu tempo”. Porém, este “homem-de-ferro” não foi páreo para um simples copo de whisky.
Vemos também Peter Parker: Quem de nós nunca foi o garoto que um dia seria picado por uma “aranha radiotiva”? nós fomos picados por nossa puberdade e tivemos que lhe dar com esta aceitação ao mesmo tempo em que precisávamos ser aceitos pelo mundo (no mínimo em algum grupinho no pátio da escola). Hoje, neste mundo adulto, me sinto como Hulk quando este, além de ter que lhe dar com toda a sua fraqueza e fragilidade (“Benner fracote!”*²), ainda é bombardeado por um mundo “que não o tolera”*³
Assim vejo o que meu pai é na verdade em contrapartida daquilo que Ele representava para mim: agora um homem frágil e cheio de vícios. Vícios que todos nós carregamos por ser humanos, demasiadamente humanos.
Em escala menor os quadrinhos tiveram a mesma transição que começou na era de ouro, teve seu cume na era de bronze e hoje vemos o quanto os mitos contemporâneos estão tão próximos em divulgação e humanidade na post-bronze*.
O Super-homem (hoje, com a imposição da cultura Norte Americana. Esta que estamos consumindo agora, por exemplo, devemos usar o verbete original Superman de agora em diante) já não é tão invencível e se ele é super é porque sua grandeza o adjetiva apesar de suas fraquezas tão humanas, demasiadamente humanas.
Capitão América já não é mais o ideal presunçoso Norte Americano, mas apenas um símbolo daquilo que jamais seremos - talvez nem ele próprio, apesar de seu forte espírito de liderança e ideais que sobrepõem o próprio nacionalismo - Steve Rogers é um idealista, mas também foi um dia o Cristo crucificado quando foi envolto em uma bandeira cujas cores se desbotaram desde seu estado de animação suspensa (nossa! Ainda usam este termo, nos quadrinhos?).
Thor. Um mito clássico no sentido literário. Um mito nórdico no seu verdadeiro sentido folclórico, magistralmente resgatado para os dias de hoje por Stan Lee, Larry Lieber, e Jack Kirby. Thor é um Deus que está há muito longe de sua época e sua civilização. Apesar de sua condição existencial se parecer bastante coma do Superman no que diz respeito de ambos pertencerem a outros mundos, outras culturas e com isso serem vistos pelos terráqueos como forasteiros (não diria tanto alienígenas), O Deus do trovão parece estar bem mais a vontade na sua condição de Deus que o próprio Superman.
Tony Stark – O Homem-de-ferro. Tão poderoso em sua armadura invencível! Fora dela, um homem inteligente e como ele propriamente diz: “um Homem a frente de seu tempo”. Porém, este “homem-de-ferro” não foi páreo para um simples copo de whisky.
Vemos também Peter Parker: Quem de nós nunca foi o garoto que um dia seria picado por uma “aranha radiotiva”? nós fomos picados por nossa puberdade e tivemos que lhe dar com esta aceitação ao mesmo tempo em que precisávamos ser aceitos pelo mundo (no mínimo em algum grupinho no pátio da escola). Hoje, neste mundo adulto, me sinto como Hulk quando este, além de ter que lhe dar com toda a sua fraqueza e fragilidade (“Benner fracote!”*²), ainda é bombardeado por um mundo “que não o tolera”*³
Enfim, Temos uma infinidade de reinterpretações de nossos
mitos que até são comparáveis com os mitos de outras épocas, mas que me limito
apenas e analisar os nossos que são tão nossos. E não se enganem. Apenas citei
pequenos fragmentos de um universo tão complexo e interligado ao nosso como é o
mundo dos quadrinhos. Confesso que não tenho mais o mesmo hábito que tinha de
anos atrás. Mas isso não me desmerece como fã de HQs. pelo contrário. Cada vez
mais eles fazem parte de meu imaginário. São meus arquétipos. Sem eles perco
minha referencia de parte do que fui. E isso é só começo leitor. Esta nascendo
aqui uma nova forma de falar de quadrinhos.
* Achei melhor improvisar este termo enquanto não se
inventam um termo para esta épcoca em que os quadrinhos tomaram de assalto de
vez as telas de cinema.
*² frase sempre usada pelo Hulk nas HQs
*³ frase citada durante todo o
filme de “HulK” de Ang Lee. Principalmente pelo “pai” de Bruce Benner.
Personagem criado especialmente para o filme e interpretado pelo “trágico” Nick
Nolte (isso é um elogio na falta de palavras para elogiar este grande ator)